11 de nov. de 2012

Um Método Perigoso - Análise

O texto abaixo contém spoilers do filme
Um Método Perigoso
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Um Método Perigoso
(A Dangerous Method) 

Alemanha/ Canadá, 2011.
De David Cronenberg.
Com Keira Knightley, Michael Fassbender,

Viggo Mortensen, Vicent Cassel.

Fassbender é Carl Jung, doutor que recebe Sabina Spielrein (Knightley), jovem judia russa traumatizada psicosexualmente pela dura infância numa família patriarcal e severa. Jung decide tratá-la com os métodos baseados na psicanálise de Sigmund Freud (Mortensen), revolucionária na época, breve início do século XX. O conhecimento acerca da vida e do sofrimento de sua paciente mergulha Jung em um vertiginoso envolvimento pessoal com ela, o que estava totalmente desencorajado nas considerações de seu mentor e, com o passar do tempo, amigo Freud. Durante as discussões entre os dois, Freud e Jung diferem quanto até que ponto os termos sexuais são realmente relevantes no exame dos pacientes. 

Sabina, enfim, consegue superar suas limitações, redescobrindo a si mesma, o que permite a ela desenvolver suas pretensões e sonhos, como o de trabalhar também com a psicanálise. Neste momento, Jung vê sua família florescer e ao mesmo tempo recebe investidas de Sabina, que acredita necessitar de experiências consumadas para entender sua sexualidade, propostas relutadas pelo médico. Mas é de Otto Gross (Cassel), psicanalista ultra-romântico, de comportamento corrompido, depressivo e de possível tendência suicida, que Jung recepciona o impulso para corresponder a sua antiga paciente. 

Otto foi enviado por Freud a Jung para tratá-lo, mas o resultado do encontro abre a porta para a discussão entre os dois sobre qual o verdadeiro papel do tratamento psicológico. Gross acredita que os contratos de conduta social são prisões psicológicas (e sexuais) para os homens, mostrando a Jung a contradição da psicanálise que procura “libertar” as pessoas de suas limitações, mas as condiciona dentro de protocolos sociais. Do mesmo modo que chegou, Gross evade a clínica de Jung, fugindo da negligência de seu pai, responsável por suas internações, e deixando semeado em Jung um limiar para novas convicções, que talvez até contrariassem seus próprios preceitos. 

Jung, então, passa a alimentar um relacionamento secreto com Sabina e Freud, possivelmente o único a repudiar com autoridade tal comportamento, deixa seu egocentrismo derrubar sua imagem com Jung. Somando as fervorosas discussões teóricas, a amizade entre os dois pensadores é rompida. Acreditando estar corrompido e errado, Jung também rompe com Sabina, despertando sua insatisfação. Depois de separados, Jung consegue perceber que Sabina também o fez se redescobrir, mostrando sua verdadeira identidade. 

Essa verdadeira identidade do ser ultrapassa os protocolos e padrões de comportamento social, está além de qualquer análise objetiva ou diagnóstico. Entre Freud e Gross, Jung não se vê munido de convicções inatas originais, delatando a incapacidade de a mente de ser independentemente mecânica e pragmática. O conjunto das reações de cada indivíduo dentro da sociedade refuta qualquer rechaço por razão do status de privilégio das particularidades e subjetividades observadas. A obra nos resume que não existe, talvez ainda, concepções evidentes de certo e errado, mas porventura apenas de adequado ou não.

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